sábado, 18 de setembro de 2010

Não devemos perder a esperança na humanidade.



Eu tenho pavor de baratas. Pavor e nojo. Muito nojo. Elas me provocam asco e me fazem perder o equilíbrio. Sempre que vejo uma, grito, arrepio e faço qualquer coisa para me livrar dela.

Imagino que esse meu sentimento seja compartilhado por uma infinidade de outras pessoas, já que as baratas são os insetos mais asquerosos que existem. Elas vivem em esgotos e se alimentam da putrefação humana e talvez, por isso  mesmo, as odiemos tanto. Afinal, elas sempre nos remetem ao nosso outro lado que não gostamos de revelar.

A barata é um inseto que jamais consegui achar uma única utilidade que seja para ele. Que só serve para viver em esgotos e lugares sujos e amedrontar as pessoas. 

Porém, nesta semana, qual não foi minha surpresa ao ver a descoberta de uma utilidade e grande, diga-se de passagem, da barata.  Fiquei pasma com os cientistas que  descobriram o lado bom da barata.

E confesso que desde esse dia, comecei a olhar nas baratas com um sentimento diferente, menos preconceituoso ou mais humano, digamos assim. E agora, passo a admitir também que, se  até uma barata tem o seu outro lado e pode contribuir para com a humanidade não devemos jamais perder a esperança na capacidade do ser humano de construir um mundo melhor.

Veja a matéria:
 
Pesquisa descobre potencial antibiótico em baratasCientista da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, descobre que baratas são verdadeiros depósitos de substâncias capazes de matar 90% das chamadas superbactérias



Rodrigo Craveiro - Correio Braziliense
Publicação: 17/09/2010 07:55 Atualização: 17/09/2010 08:06

A pesquisa descobriu que substâncias presentes no tecido nervoso permitem à barata viver nos ambientes mais inóspitos  (Sam Yeh/AFP)
A pesquisa descobriu que substâncias presentes no tecido nervoso permitem à barata viver nos ambientes mais inóspitos
São mais de 4 mil espécies, mas apenas quatro povoam os ralos e armários das casas. Saem dos esgotos para espalhar repulsa e pânico em algumas pessoas. Se causam tanto mal-estar em boa parte da população mundial, provocam curiosidade em cientistas. O paquistanês Naveed Ahmed Khan, professor de microbiologia da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, quis saber porque elas sobrevivem aos ambientes mais pestilentos e inóspitos. Descobriu que o tecido nervoso das baratas contém moléculas capazes de matar 90% das Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) — as chamadas superbactérias, causadoras de graves infecções hospitalares — e das Escherichia coli, sem danificar as células humanas. Em tese, o cérebro das baratas é uma espécie de depósito rico em potenciais antibióticos.

“Como esses organismos habitam os mais asquerosos locais conhecidos pelo homem e são bem-sucedidos mesmo na presença de superbactérias, minha hipótese era de que eles deviam ter algum tipo de defesa”, explica Naveed ao Estado de Minas, em entrevista por e-mail. “Testamos essa teoria e vimos que ela é verdadeira.” O especialista deduziu que o sistema nervoso das baratas precisaria ser continuamente protegido. Caso contrário, o inseto morreria. “O cérebro é a parte mais resguardada de qualquer organismo. Então, fez sentido que encontrássemos potenciais atividades microbianas ali”, diz.

Naveed concluiu que as estruturas periféricas do sistema nervoso desses insetos podem sofrer avarias, mas não o suficiente para matá-los. “Identificamos nove diferentes moléculas (proteínas) nos lisados (produto da dissolução de células de um tecido) que eram tóxicos às superbactérias”, conta. Ele espera agora que essas substâncias sejam sintetizadas em tratamentos para infecções bacterianas resistentes às drogas atuais. “Esses novos antibióticos fornecem alternativas para medicamentos atualmente disponíveis que são eficientes, mas têm efeitos coletareis graves e indesejáveis”, comenta.

De acordo com o cientista, pesquisas preliminares indicam que as proteínas naturais têm atividade potente contra bactérias gram-negativas, como a neuropatogênica Escherichia coli e gram-positivas, como as MRSA. “Por meio de ferramentas analíticas — como o espectrômetro de massa e a ressonância nuclear magnética —, estamos estudando as estruturas moleculares para determinar suas inovações”, relata o professor de Nottingham. “Esperamos submetê-las a testes clínicos e levá-las às farmácias nos próximos cinco ou 10 anos. Uma vez que conheçamos toda a estrutura protéica, seremos capazes de sintetizá-la em grandes quantidades, no laboratório”, acrescenta.

Por enquanto, Naveed e seus colegas concentram seu trabalho nas baratas de laboratório. A expectativa em relação às espécies de esgoto (Periplaneta americana) é ainda mais otimista. “As baratas de esgoto devem ter muito mais atividades moleculares. Por isso, o futuro de descobertas de antibióticos a partir desses insetos é muito próspero”, admite. O britânico Simon Lee, pesquisador da pós-graduação na Universidade de Nottingham e coautor do estudo, explicou que não causa surpresa o fato de os insetos secretarem suas próprias substâncias antimicrobianas. “Os insetos frequentemente vivem em ambientes sem saneamento e sem higiene, onde encontram muitos tipos diferentes de bactéria. Por isso, é lógico que eles tenham desenvolvido meios de se proteger contra os micro-organismos”, lembra Lee.

Gafanhotos


As baratas não são os únicos seres quase indestrutíveis pelas superbactérias. Uma simples observação levou Naveed a concluir que os gafanhotos gozam do mesmo mecanismo de defesa. “Estávamos intrigados com os insetos antimicrobianos, pois percebemos que muitos soldados retornavam de diferentes partes do mundo com infecções incomuns. Enquanto os gafanhotos, que viviam nas mesmas regiões, eram incólumes à presença de superbactérias”, acrescenta. O paquistanês usou a linha de raciocínio adotada com as baratas e detectou a presença das mesmas moléculas no cérebro do inseto.

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