Uma pesquisa feita pela SBL (Sociedade Brasileira de Laser) mostra que, na última década, houve um crescimento de pelo menos 200% nessas complicações.
O dado foi calculado a partir do número de pacientes que procuraram os especialistas em laser para tentar resolver o problema.
O levantamento, inédito, será apresentado no Congresso Brasileiro de Laser, que acontecerá em São Paulo nos dias 22 e 23/10.
CONSEQUÊNCIAS
O que inflaciona os problemas são os procedimentos estéticos: depilação, retirada de manchas da pele e de tatuagens e atenuação de rugas superficiais.
O dermatologista Mario Grinblat afirma que muitos lugares oferecem o maior número possível de procedimentos para amortizar os custos da compra do equipamento, que é caro.
O resultado disso é que os tratamentos são feitos mesmo quando o aparelho não é indicado para o problema específico (tirar mancha, depilar etc.) ou para o tipo de pele da pessoa.
Cada aparelho de laser emite um comprimento diferente de luz, para atingir diferentes pontos da pele. Por isso é possível que em vez de queimar o bulbo de um pelo a aplicação acabe queimando a pele, por exemplo.
"Parece que o laser é algo simples, mas pode ser pouco ou muito invasivo, dependendo de como é usado", diz Grinblat, pioneiro no uso dessa técnica no Brasil.
Para o cirurgião plástico Claudio Roncati, coordenador do congresso da SBL, a banalização do laser também faz com que os tratamentos sejam realizados por pessoas não preparadas.
As principais consequências, segundo ele, são queimaduras na pele, cicatrizes, queloides (cicatriz alta e dura) e manchas escuras ou brancas. Em muitos casos, esses problemas são difíceis de tratar e nem sempre podem ser eliminados.
Além do aparelho adequado, os parâmetros para a aplicação (intensidade da luz, tempo etc.) precisam ser adaptados a cada paciente.
"Acham que o médico puxa sardinha para o seu lado, mas é ele quem sabe como a pele reage", afirma Grinblat.
Outro problema apontado por Roncati é que a grande procura por tratamentos estéticos com laser criou uma espécie de mercado paralelo dos equipamentos. "Há locais usando aparelhos não registrados pela Anvisa, de segunda mão ou sem a manutenção adequada", conta.
Fonte:folha.com